A CONQUISTA DO OUTRO EM UM NOVO MUNDO: ALTERIDADE E DISPUTA DE TERRITÓRIOS NAS FAVELAS DO RIO DE JANEIRO
DOI:
https://doi.org/10.31501/repats.v5i2.10154Resumo
Há décadas, a cidade do Rio de Janeiro sofre com um ciclo vicioso de crime organizado, batidas policiais, tiroteios e balas perdidas em uma guerra permanente que produz recordes de vítimas tanto nos moradores das favelas quanto nas tropas policiais. Esse ciclo de violência sem fim é considerado, hoje, o principal desafio de segurança pública no Rio de Janeiro. Em 2008, as autoridades do estado criaram uma nova política de segurança com base nas Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) numa tentativa de retomar áreas consideradas “perdidas” para traficantes de drogas e outros grupos criminosos. Nesse sentido, a noção de pacificação como forma de “law enforcement” traz problemas importantes ao debate, como a desconfiança entre os moradores das comunidades e a polícia, em parte devido ao aumento da ocorrência de autos de resistência em tiroteios durante operações de patrulhamento armado extensivo. O objetivo deste artigo é compreender como as políticas de segurança pública voltadas para essas comunidades carentes ainda seriam influenciadas por práticas de alteridade semelhantes àquelas identificadas por Tzvetan Todorov com relação à conquista europeia do Novo Mundo. Entendemos que os dois casos estariam ligados porquanto reproduzem a mesma lógica estatal de produção de outricidade que legitima uma racionalidade estatal que fundada na disputa e (re)tomada de territórios por meio de uma violência que produz corpos matáveis e vida nua nas comunidades carentes localizadas nas favelas.Downloads
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