A estratégia de Integração Regional Brasileira e a Aliança do Pacífico
Resumo
Este trabalho analisa possíveis implicações comerciais, econômicas e geopolíticas decorrentes da criação da Aliança do Pacífico para a estratégia brasileira de integração na América do Sul. Argumenta-se que essa nova associação regional criada em 2011 poderá impor dificuldades para a consecução da conformação de um espaço sul-americano integrado comercialmente, bem como limitar as opções estratégicas do País dentro da região, num momento em que os Estados Unidos negociam mega-acordos comerciais com a União Europeia e com países da Bacia do Pacífico.
Desde 2003, a orientação regionalista do Brasil fundamentou-se em uma concepção de integração regional diferente da que predominou desde o fim dos anos 1980, com ênfase maior na dimensão comercial inspirada no regionalismo aberto. Por regionalismo aberto entende-se a liberalização comercial ampla, concebida como uma etapa intermediária para a liberalização econômica multilateral. E que parece orientar a formação da Aliança do Pacífico. A revisão do modelo de integração regional operada pela diplomacia brasileira, no qual a dimensão política, juntamente com a base econômica e comercial, é a razão de ser da formação de um espaço sul-americano integrado. Nessa modalidade de integração outras dimensões como a produtiva, a energética e a física são agregadas ao processo (LIMA; COUTINHO, 2007).
O governo Lula da Silva (2003-2010) aprofundou a valorização da América do Sul como espaço político de atuação da sua política externa, e diferente do período Cardoso (1995-2002), a ênfase política nas relações com a região aumentou. Sua agenda para a região teve como objetivos principais o aprofundamento da aliança estratégica com a Argentina, a revitalização do Mercosul com a consolidação da união aduaneira e a formação de um espaço econômico unificado alicerçado no livre comércio e em projetos de infraestrutura, bem como incentivos à internacionalização de empresas brasileiras.
A crise financeira internacional de 2008 incidiu fortemente sobre a agenda regional. Entre seus principais efeitos, a região apresentou redução no crescimento das economias, aumento do protecionismo, retração nas exportações e queda dos investimentos.
Na trajetória do desenvolvimento da integração latino-americano persistem problemas estruturais tais como a baixa complementaridade econômica, baixa interdependência, assimetrias, reduzido poder infraestrutural da maioria dos Estados (MANN, 2006), entre outros. Soma-se a isso o fato da região ser a mais desigual de todas e constitui um dos principais entraves aliado ao baixo desenvolvimento. (VIGEVANI, 2013).