Ken Jacobs: a perversão dos arquivos e as figuras que observam os espectadores

Autores

  • Pablo Gonçalo Martins Faculdade de Comunicação, FAC, Universidade de Brasília, UnB.

DOI:

https://doi.org/10.31501/esf.v1i16.11091

Resumo

O artigo analisa duas obras recentes do cineasta norte-americano Ken Jacobs que interagem diretamente com aspectos da remediação. O primeiro filme chama-se ATom Tom Chaser (2002), no qual Ken Jacobs registra a telecinagem que transforma o filme silencioso Tom Tom the Piper's Son da sua materialidade química à mídia eletrônica. O filme é prenhe de gestos poéticos que convidam os espectadores a redescobrirem os ruídos midiáticos escondidos nas imagens. Mais precisamente, Jacobs foca nos instantes de transição nos quais não se pode perceber, precisamente, de qual materialidade e suporte exato a imagem foi feita ou está sendo expressa. O segundo filme é The Guests (2014). Trata-se de um 3D não convencional, no qual Jacobs encontra e manipula um breve trecho dos irmãos Lumières para inventar e descobrir olhares, e fenômenos óticos, que não estavam evidentes nos fotogramas originais. Na sua remediação da tecnologia 3D Jacobs insere o “efeito pfulrich” que permite borrara imagem do arquivo e cria instâncias de incerteza entre os intervalos dos dois olhos humanos. As figuras do filme, portanto, produzem um flerte, um olhar e uma interpelação direta aos espectadores.Ao analisar ambos os filmes ensaia-se uma compreensão de uma certa poética da perversão do arquivo, que seria característica na obra de Jacobs, pela qual a forma do olhar entre mídias desnaturaliza as mídias do olhar e, assim, salienta-se o instante da visualização, entre a sua dúvida, sua fé e suas especulações.

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Biografia do Autor

Pablo Gonçalo Martins, Faculdade de Comunicação, FAC, Universidade de Brasília, UnB.

Pablo Gonçalo professor de cinema e audiovisual da UnB. Possui doutorado pela UFRJ e pela Universidade Livre de Berlim, quando foi bolsista do DAAD. Realizou mestrado na UnB e atuou como crítico, roteirista, curador e professor em diversas produtoras e instituições vinculadas à cena cinematográfica de Brasília. Sua pesquisa foca nas trajetórias históricas de roteiristas e nos seus diálogos intermediáticos entre o teatro, as artes visuais, a literatura e o cinema. É autor do livro O cinema como refúgio da escrita: roteiros e paisagens em Peter Handke e Wim Wenders, da editora Annablume, e colabora periodicamente com críticas como redator da Revista Cinética.

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Publicado

2020-03-18

Como Citar

Martins, P. G. (2020). Ken Jacobs: a perversão dos arquivos e as figuras que observam os espectadores. Esferas, 1(16), 60-69. https://doi.org/10.31501/esf.v1i16.11091

Edição

Seção

Dossiê Novas Linguagens do Audiovisual